Nosso país já figurou entre as maiores malhas ferroviárias do mundo. Nossas características geográficas e o perfil de nossa distribuição populacional fazem o uso de ferrovias uma opção quase que inevitável (se olharmos pela perspectiva da lógica, algo não muito usado em nossa terra...).
Folha de São Paulo.
O Brasil é, entre os países de dimensões semelhantes, o que menos utiliza o sistema ferroviário para o transporte de cargas.
Dados da ANTF (Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários)
apontam que, de cada 100 quilos de carga transportados no país, só 15
trafegam em linhas de trem. Outros 65 quilos são levados por rodovias e
20, por outros modais de transporte.
Os dados diferem de estudo apresentado em 2018 pela CNT (Confederação
Nacional do Transporte), que mostraram que as ferrovias transportam
20,7% das cargas no país, ante 61,1% do volume transportado por meio de
rodovias. A diferença, segundo a ANTF, é explicada pela metodologia.
Mas, independentemente do dado a ser utilizado, o índice é muito
inferior aos percentuais registrados em países como Rússia, Canadá,
Austrália, EUA e China.
Na Rússia, 81% das cargas são transportadas em linhas férreas, muito à
frente do índice canadense, de 46%. Na sequência aparecem Austrália e
EUA (ambos com 43%) e China (37%).
EM ALTA
Apesar disso, de acordo com a ANTF, dados de 2017 mostram que a
produção ferroviária atingiu 375 bilhões de toneladas por quilômetro no
Brasil, alta de 170% em relação ao índice de 20 anos antes, quando as
ferrovias foram concedidas.
Embora o índice brasileiro de transporte de cargas por ferrovia seja
baixo, mais de 40% das commodities agrícolas chegam aos portos em trens.
No caso de minérios, o índice chega a 95%.
Entre os obstáculos para que o percentual cresça está a tímida malha
ferroviária, que hoje equivale à existente na década de 1920 –cerca de
29 mil quilômetros. E nem toda a extensão é utilizada.
Um estudo da CNT feito há cinco anos indica que, em valores
atualizados, são necessários R$ 1,25 trilhão para as obras de transporte
com o presente e o futuro do setor no país. No total, são 2.045
projetos de infraestrutura em aeroportos, ferrovias, rodovias e portos,
cenário difícil de se imaginar quando constatados os baixos
investimentos em infraestrutura.
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