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14/03/2019

Círculo vicioso

A cada ano temos menos passageiros pagantes no sistema de transporte público. Isso acaba por gerar uma tarifa mais pesada, pois são menos pessoas para pagar os custos. Na sequência, por ser cada vez mais caro e com menos pagantes, as empresas (e o poder público) não tem como qualificar e investir no sistema que se torna, a cada ano, pior. O usuário é 'expulso' pelo preço e qualidade que lhe é ofertado  O ciclo está completo e pronto para se repetir quando o novo aumento chegar.
Esse dilema se repete ano após ano e os resultados mostram a falência da mobilidade via transportes de massa. A cidade recebe esse impacto diretamente. Aumentam os congestionamentos, pois os que podem migram para os transportes individuais e os que não podem sofrem em longas caminhadas ou simplesmente não se deslocam. A poluição aumenta, o tempo de deslocamento também. A qualidade de vida, de modo geral decaí, isso todos notamos.
                                  Mas a cada ano  vemos a repetição desse ciclo. Por quê?

Seguem alguns dados que talvez nos mostrem por que chegamos nesse momento, peguemos o caso de Porto Alegre, que em outros momentos já foi referência em qualidade:


Pelos dados fornecidos pela EPTC, verificamos que:

Em 2007 foram transportador pelo sistema de ônibus um total de:  262.945.196 pessoas.
Em 2017 foram transportadas pelo sistema de  ônibus um total de:  265.961.740 pessoas. (+ 1,14%)

 Em 2007 do total de passageiros, eram pagantes integrais 234.229.092
 Em 2017 do total de passageiros, eram pagantes integrais, 170.918.291 (- 27,02%)


Quando analisamos esses números, temos uma surpresa! Não houve redução de passageiros! Em verdade houve até um pequeno incremento (+ 1,14%) no total de usuários no sistema. Mas o que notamos, isso sim, foi uma considerável redução  no total de pagantes!
Atacar os fatores de redução de pagantes integrais é ponto chave para reverter a situação atual. Mas isso é só um primeiro passo. Sem coragem de inovar, qualificar, investir o futuro bem próximo será de colapso. Somente quando encararmos como uma real prioridade o transporte público, sabendo que seu caráter é de cunho social (e também de cidadania), onde o lucro não deve ser o fator chave é que será possível uma solução.

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 Desde o Plano Real, em 1994, o ônibus em Porto Alegre já aumentou 1.170%. Enquanto isso, a inflação foi de 459%. Ou seja, se a tarifa tivesse sido reajustada pela inflação, hoje custaria apenas R$ 2,07 para andar de ônibus em Porto Alegre.

Mais informações Aqui e Aqui.