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24/06/2011

DESCONSIDEM AS “ASPAS” (parte 1).

Um grupo de manifestantes, irritados com a situação de nosso trânsito, protestava aos gritos em uma grande avenida da cidade. A tranqueira que isso ocasionava era de pelo menos três quilômetros de carros, ônibus e caminhões. As buzinas gritando e os xingamentos dos motoristas só aumentavam ainda mais a barulheira vinda do protesto insólito que acontecia. Os manifestantes, com ares, olhares e  atitudes quixotescas gritavam: Abaixo à poluição, menos carros, mais amor e menos rancor! Andar a pé é muito bom; Viva aos pedestres, Viva a bicicleta e o transporte público!

     Em meio a esse grupo, estava eu, procurando fazer a minha parte como bom defensor que sou de um trânsito mais humano, seguro e sustentável. Ao conversar com um colega “rebelde” como eu, ressaltava a necessidade de “mudar nossos” paradigmas: "Precisamos buscar novas propostas de vida e mobilidade, as nossas cidades estão morrendo, estão morrendo cara! Cada um tem que fazer a sua parte..."  Nesse momento lembrei de um exemplo que conhecia, um grande amigo, que já há um bom tempo “nadava contra a maré” e resistia às “bestas máquinas bebedoras de petróleo”.
Cael Rojo, ou somente Kbça, era assim que os amigos o chamavam desde o tempo de escola*. "Esse maluco era um exemplo a ser seguido", dizia eu. Mesmo tendo possibilidade financeira para adquirir um carro o sujeito ainda optava pelo transporte público, pela bicicleta e uma boa caminhada. (em uma cidade sem ciclovias, com calçadas esburacadas e com ônibus caros, isso o tornava mais "especial" ainda!).
O cara era tão firme em suas convicções que nem mesmo celular tinha, e isso que a sua namorada já havia lhe dado uns dois aparelhos de presente. Ele achava que os celulares eram como os carros, haviam sidos feitos inicialmente para ganhar tempo e dar liberdade aos seus usuários, mas na verdade essas máquinas escravizavam as pessoas e tiravam suas autonomias. Quase todos os infortúnios de sua vida estavam ligados em maior ou menor grau e esses objetos os quais repudiava. Ninguém podia negar que ele tinha uma boa dose de razão em não querer ser consumido por carros e celulares.
   Certa vez, ao chegar em seu serviço, começou a ouvir um barulhinho lá no fundo de sua mochila (Cael levava sua vida naquela mochila, era uma versão masculina das caóticas e bagunçadas bolsas femininas), ao remexê-la por vários segundos acabou vendo um celular tocando e vibrando. Pegou o aparelho, atendeu, disse duas ou três frases e desligou, sua namorada na época, a “Lindinha”, havia esquecido ou "perdido" o telefone em sua mochila. Para Cael Rojo aquele momento reforçou ainda mais seus 'asco' pelo celular. Vejam a sua infelicidade, a ligação que atendeu revelava que sua amada “Lindinha” tinha outros “amigos”. O namoro acabou e os celulares foram excomungados definitivamente pelo meu amigo, pobre Kbça....

Mas fora essas idiossincrasias, ele era bem "normal", pelo menos eu achava. Em resumo, Cael tinha um bom emprego em uma repartição pública, tomava uns tragos com os amigos nos finais de semana, fazia mestrado na UFRGS, jogava uma bola e arranjava umas namoradinhas bem jeitosas de vez em quando (apesar de nunca ter superado completamente o que “Lindinha” havia feito a ele). Reforçando meu pensamento, poderíamos dizer então que ele era um cara “normal”, a não ser pelo fato de que ele se recusava a dirigir e ter celular. Para muitos pareceria pouco, mas isso para mim bastava para torná-lo meu “herói”. Ele era a prova viva de que existia vida sem o celular e carros, ele era “o cara”... continua, espero....







* O tempo de escola é outra história a ser escrita. Nessa época não tínhamos carro, mas circulávamos toda a cidade, a pé e de ônibus. Desejávamos ardentemente um carro para fazer tudo aquilo que já fazíamos... outros tempos, outras velocidades

Rir para não chorar

10/06/2011

Amigos

*Quando digo a palavra amigo
minha alma abre os postigos.
Amigo é um código sem artigos.
É um sentimento tão mais recente
quanto mais antigo.

Amigo não chega na hora da colheita.
Vem plantar o trigo.
Amigo que é amigo desafia as leis do tempo
e do espaço. Viaja no vento, longe, está contigo...

Passar por essa existência sem amizades verdadeiras seria algo extemamente triste. Que bom que exitem os amigos que nos acompanham pelos caminhos que trilhamos. Admiro as amizades, elas são a prova de que a humanidade brilha em nós.


* CANÇÃO DO AMIGO - De Luiz Coronel