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30/07/2010

Para onde vão as calçadas quando morrem?

Uma calçada pode morrer? Pois bem, pode sim. Nas cidades, em especial as brasileiras, a morte do ar puro, do verde, do convívio com o outro, do patrimônio histórico e cultural é uma rotina infeliz. O automóvel por si só não pode ser visto como vilão, em verdade ele é uma ferramenta que usamos para ganhar tempo e dar qualidade de vida a todos. No entanto, como um remédio que exageramos na dosagem acabamos por sofrer efeitos colaterais graves. O uso excessivo desse único meio de transporte está causando a morte (literal) das cidades e de seus habitantes. A ciranda desse problema é mais ou menos assim: O espaço nas vias é cada vez menor pela quantidade de veículos, Os congestionamentos aumentam; A poluição aumenta; A população reclama; Os órgão públicos realizam obras; O problema não diminui; A população reclama mais ainda; As vias são alargadas; Mais carros vão às ruas; A poluição aumenta; Os gestores públicos asfaltam vias (aumentam os alagamentos) e posam para fotos em suas obras; Aumentam os acidentes, atropelamentos; A população reclama, mas, via de regra apóia que as calçadas sejam mortas para ter mais ESPAÇO para os carros...
É claro para mim que qualquer vida humana tem mais valor do que um bem material, porém, as calçadas deveriam ser ampliadas e vistas como 'reservas' de preservação ambiental e não o contrário! Nesses locais a vida transita de forma livre e sem a proteção de armaduras de metal que os carros fornecem. As calçadas quando morrem, deixam sem proteção todos os seres que por ali passavam e viviam!

Começa sempre da mesma forma o discurso para o fim de uma calçada: Precisamos de espaço, é o progresso, é inevitável. Afinal é só uma calçada e algumas árvores (?). Tenho que informar para aqueles que são a favor da diminuição de passeios públicos que não será dessa forma que uma cidade se tornará 'moderna' e avançada, é exatamente ao contrário em todos os países desenvolvidos e que valorizam as pessoas. Certa vez li que o nível de civilidade de um país se mede pelo tamanho de suas calçadas. Valorizar o deslocamento a pé, as ciclovias o transporte público é antes de tudo respeitar o ambiente e permitir à população viver em um espaço saudável. Os automóveis são bem vindos, porém, é necessário que seu uso se dê racionalmente e que haja um forte controle sobre os mesmos, devido ao seu alto potêncial poluidor, mas principalmente, o uso do carro deve ser pensado sempre em conjunto com outras formas de deslocamento. É muito triste para uma cidade ou um país visualizar unicamente uma forma de deslocamento, é necessário dar às pessoas a possibilidade de optar por vários modais de movimentação, todos eles com segurança e acesso universal à comunidade.

Enfim, não será atacando as calçadas e aumentando desenfreadamente o espaço para os automóveis que os problemas de trânsito se resolverão (isso já se provou em S. Paulo, por exemplo), essa é a falsa e cômoda solução encontrada por alguns administradores públicos. Precisamos aceitar que da forma que estamos agindo, nunca haverá espaço para um carro por habitande em cidade nenhuma do mundo! Repito, é necessário um sistema viário de múltiplas possibilidades de deslocamento, racionalizando o uso de cada modal e não dando exclusividade a somente um. Bom senso, educação viária para a população e coragem para enfrentar esses desafios são urgentes em nossa sociedade, mas isso parece algo distante.

Em recente pesquisa, em um jornal da cidade de Caxias do Sul, foi perguntado à população se ela seria a favor da redução do tamanho da calçada em uma importante via, visto que será inaugurado um shopping nas proximidades. Bom, 62% aceitaram a proposta da prefeitura de reduzir a calçada (ver fotos). Ainda precisamos avançar muito ainda, tanto polítcos quando sociedade em geral precisam enxergar logo que se não repensarmos nossos conceitos a vida nas cidades tende a piorar mais e mais.
Pensando melhor acho que já sei para onde vão as calçadas quando morrem, talvez elas sigam para o mesmo lugar onde foram parar a qualidade de vida e o respeito aos pedestres.

28/07/2010

Você sabe com quem está falando?!?!

É mais ou menos assim que funciona em nosso país, o popular 'carteiraço' está presente em muitos momentos de nossas vidas, principalmente, quando as regras de boa convivência são quebradas ou simplesmente o sujeito se acha tão superior ao outro que acaba usando o discurso da imposição de sua pretensa superioridade vociferando: "Sabe com quem está falando?!?!?!"
Nesse momento escancaramos nossa fragilidade enquanto sociedade dita civilizada, pois, isso só ocorre por que cultivamos uma mentalidade aristocrática, conforme defende o antropólogo Roberto Da Matta. No trânsito, por exemplo, Da Matta lembra que reproduzimos valores de uma sociedade moderna, porém, atrelada ainda a um passado monárquico. Trata-se de um espelho de um país que se tornou republicano sem abandonar a aristocracia... O antropólogo comenta que existe uma cegueira em relação ao "outro", algo típico de sociedades estamentais nas quais aceita-se que há uma superioridade natural entre sujeitos. Sabemos que essa forma de pensar não combina com uma república democrática e acabamos por pagar o preço de não nos respeitarmos como indivíduos iguais perante as leis. Mais ainda, Da Matta reforça que por reproduzirmos sentimentos e posturas da epóca do Império não valorizamos a IGUALDADE como um valor a ser respeitado e ensinado desde cedo em casa e na rua. Lembremos que a nossa passagem de Monarquia para a República foi algo decidido por poucos e não um resultado de movimentos populares ou de um clamor pela população da época. Até meados do século XX, em muitos rincões do Brasil, ainda se acreditava ser Dom Pedro II nosso Rei! O fato é que nos, brasileiros, temos quase que no DNA a frase: "Sabe com quem está falando?!?!?" Nas ruas é claro esse sentimento de superioridade entre os condutores, que via de regra olham atravessado para os carros mais velhos ou de menor potência. Em uma escala de valores, os pedestres estão maus lençóis, pois, são vistos tal como os escravos eram vistos na epóca da monarquia. Não há senso democrático em nosso trânsito, muito menos a idéia de espaço público no sentido amplo da palavra: um local de todos e para todos.
Ocorre que ao transitarmos as regras de circulação pedem que todos sejam coerentes e obedientes a determindas regras, já que é necessário à preservação de vidas e é nesse momento que temos grandes problemas com aqueles que se acham melhores aos demais cidadãos. Essas pessoas se vêem como barões, viscondes, reis dentro de seus carros já que acham que as regras gerais não se aplicam a eles. A ideia de que quem respeita as regras de trânsito é um idiota ou um babaca , conforme diz Da Matta, é resultado desse pensar atrasado e anacrônico. Transitar com segurança exige respeito ao outro, respeito as diferenças e o mais importante, sentir-se igual aos demais em direitos e deveres. Exige democracia na prática e não esse regime esquisofrênico e belicoso que vigora em nossas vias o qual batizo de: CHAOS * motorizado.





*Controle do Homem por uma Aristocracia Obtusa e Sociopata motorizada.

21/07/2010

Amigos são estradas


Amigos são estradas*


Certos amigos são indispensáveis, simples como aquelas estradinhas de terra do interior, onde do alto da colina podemos avistá-las inteirinhas, sabemos onde podemos ir e onde podemos chegar, são transparentes e confiáveis...

Tem amigos que são como aquelas estradas vicinais, que pouco usamos, pouco vemos, mas sabemos que quando precisarmos elas estarão lá, prontas para nos auxiliar.

Existem ainda amigos que são como aqueles estradas que deixamos de usar, pois, a vida nos levou a outros caminhos, no entanto, mesmo assim as lembranças e as emoções dos doces passeios que fizemos nelas permanecem em nossa memória.

Amigos são assim, orientação e chão, caminho e direção que nos levam sempre a lugares melhores. Quando usamos o caminho da amizade o importante passa ser a viagem e não o destino.



*Livre adaptação do texto de Paulo Roberto Gaefke.

20/07/2010

O Chapeleiro acha que está tudo bem...


Sim, Elle é o CARA! Essa é a figura que estávamos esperando para nos 'ensinar' as verdades que não conseguimos entender... Não falo de algo metafísico, messiânico ou de cunho ideológico, não, não, não. Elle é o CARA por que ele pode entender a lógica nonsense de nossa sociedade, Elle, na verdade, não está muito se importando se somos ou não 'racionais' ou se conseguimos ou não perceber que em nossas ruas a lógica é torta ,surrealismo puro e digno de Lewis Carroll e suas criações. A cada feríado dúzias de pessaos são varridas fora de nosso convívio. Já é uma rotina, recordes funestos a cada mês. O Chapeleiro não estranha, pois, a tal de lógica e o racionalismo humano aqui 'do outro lado do espelho' parece já ter desaparecido há tempo...

15/07/2010

A nossa imensa insignificância


Reflexões de Carl Sagan*...
"As nossas exageradas atitudes, a nossa suposta auto-importância a ilusão de termos qualquer posição privilegiada no Universo é mera ilusão... O nosso planeta é um grão solitário na grande e envolvente escuridão cósmica".
Completaria ainda: Não há saída para os nossos problemas em outros mundos, as soluções possíveis andam juntas com as nossas escolhas. Para construírmos uma 'casa' saudável é preciso ter claro como é singular nosso mundo, suas fragilidades e finitude de recursos. Nosso planeta, fica claro no pensamento de Sagan (ver vídeo abaixo), é único e mais precioso ainda para a humanidade quando nos deparamos com a imensidão do Cosmos.
Perante o espaço infinito somos insignificantes, porém, penso que a preciosidade de uma vida vale pela grandeza do Universo.

ver vídeo: http://static.ning.com/socialnetworkmain/widgets/video/flvplayer/flvplayer.swf?autoplay=off&config=http%3A%2F%2Fmyownlear.ning.com%2Fvideo%2Fvideo%2FshowPlayerConfig%3Fid%3D2133112%253AVideo%253A762%26ck%3D-&hideShareLink=1&isEmbedCode=1&v=201006161005&video_smoothing=on


*Do seu livro Pálido Ponto Azul (The Pale blue dot)