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28/07/2010

Você sabe com quem está falando?!?!

É mais ou menos assim que funciona em nosso país, o popular 'carteiraço' está presente em muitos momentos de nossas vidas, principalmente, quando as regras de boa convivência são quebradas ou simplesmente o sujeito se acha tão superior ao outro que acaba usando o discurso da imposição de sua pretensa superioridade vociferando: "Sabe com quem está falando?!?!?!"
Nesse momento escancaramos nossa fragilidade enquanto sociedade dita civilizada, pois, isso só ocorre por que cultivamos uma mentalidade aristocrática, conforme defende o antropólogo Roberto Da Matta. No trânsito, por exemplo, Da Matta lembra que reproduzimos valores de uma sociedade moderna, porém, atrelada ainda a um passado monárquico. Trata-se de um espelho de um país que se tornou republicano sem abandonar a aristocracia... O antropólogo comenta que existe uma cegueira em relação ao "outro", algo típico de sociedades estamentais nas quais aceita-se que há uma superioridade natural entre sujeitos. Sabemos que essa forma de pensar não combina com uma república democrática e acabamos por pagar o preço de não nos respeitarmos como indivíduos iguais perante as leis. Mais ainda, Da Matta reforça que por reproduzirmos sentimentos e posturas da epóca do Império não valorizamos a IGUALDADE como um valor a ser respeitado e ensinado desde cedo em casa e na rua. Lembremos que a nossa passagem de Monarquia para a República foi algo decidido por poucos e não um resultado de movimentos populares ou de um clamor pela população da época. Até meados do século XX, em muitos rincões do Brasil, ainda se acreditava ser Dom Pedro II nosso Rei! O fato é que nos, brasileiros, temos quase que no DNA a frase: "Sabe com quem está falando?!?!?" Nas ruas é claro esse sentimento de superioridade entre os condutores, que via de regra olham atravessado para os carros mais velhos ou de menor potência. Em uma escala de valores, os pedestres estão maus lençóis, pois, são vistos tal como os escravos eram vistos na epóca da monarquia. Não há senso democrático em nosso trânsito, muito menos a idéia de espaço público no sentido amplo da palavra: um local de todos e para todos.
Ocorre que ao transitarmos as regras de circulação pedem que todos sejam coerentes e obedientes a determindas regras, já que é necessário à preservação de vidas e é nesse momento que temos grandes problemas com aqueles que se acham melhores aos demais cidadãos. Essas pessoas se vêem como barões, viscondes, reis dentro de seus carros já que acham que as regras gerais não se aplicam a eles. A ideia de que quem respeita as regras de trânsito é um idiota ou um babaca , conforme diz Da Matta, é resultado desse pensar atrasado e anacrônico. Transitar com segurança exige respeito ao outro, respeito as diferenças e o mais importante, sentir-se igual aos demais em direitos e deveres. Exige democracia na prática e não esse regime esquisofrênico e belicoso que vigora em nossas vias o qual batizo de: CHAOS * motorizado.





*Controle do Homem por uma Aristocracia Obtusa e Sociopata motorizada.