A
velha discussão entre
Hobbes e Rousseau pede espaço: O Homem é naturalmente bom e se corrompe
pela ação da sociedade; ou é naturalmente voltado para a
violência e somente uma estrutura social forte e bem organizada pode tirá-lo da selvageria total conforme defendia Hobbes?
Tenho
dificuldade em aceitar definições tão taxativas como essas. Certa
vez já escrevi aqui nesse blog que nossa humanidade é, em síntese,
marcada pela nossa capacidade de não sermos coerentes ou previsíveis!
Dessa forma vejo que as conjugações de espaço/tempo e sociedade
podem favorecer mais a atitudes de agressão e egoísmo ou
a comportamentos de solidariedade e civilidade.
Quando analisamos, de forma geral o trânsito brasileiro, é provável que as perspectivas Hobbes tenham seus princípios comprovados. Mas, no entanto, como explicar que em alguns lugares do
planeta a insanidade sobre rodas parece estar sendo fortemente
controlada? Países como Suécia, Dinamarca, Japão e outros, ano a
ano, reduzem seus índices de traumas, mortes e danos materiais em suas relações sociais de deslocamento?
Caso
aceitemos a premissa de que tanto na Suécia como no Brasil as
pessoas são da mesma espécie. E que tanto as pessoas de lá como as pessoas daqui têm os mesmos potenciais cognitivos, então teremos também que aceitar
que as relações sociais no trânsito brasileiro podem ser
diferentes. Ao analisarmos outras experiências, fica claro que é
preciso mudar a conjuntura socio-cultural para também atingir a melhoria na
qualidade de nosso transitar.
Não
sei se somos essencialmente lobos, cordeiros ou mesmo ratos de
laboratório esperando os estímulos corretos para não nos matarmos
no trânsito. Talvez não tenhamos encontrado a resposta por que não
aprendemos ainda a fazer as perguntas certas.
Não
tenho mais certezas, somente aumentei as minhas dúvidas. Antes fosse tão simples, antes fosse somente uma questão de saber se o bem ou mal nos conduz pela existência. Hoje, as soluções me parecem mais complexas e passam necessariamente por mudanças de estruturais em nossos valores sociais. Mas isso também é somente mais uma percepção, talvez como uma criação mitológica, nossa humanidade esteja mais próxima de ser um ser híbrido. Um ser em que o bem, o mal e o mais ou menos coabitam. Certeza somente que minhas dúvidas seguem apesar de Rousseau e Hobbes....